29.4.06

Just another soldier on the road to nowhere...

"Depois de estar cansado de procurar
Aprendi a encontrar
Depois que um vento se opôs a mim
Navego com todos os ventos..."
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Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência
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Nada mais reconfortante que trilhar o próprio caminho, mesmo sabendo que ele não leva a lugar algum.

24.4.06

Hegel e a decadência da Filosofia

Hegel fala besteira e eu conserto.
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"Toda objetividade é subjetiva - posto que necessariamente subjetivada. Mas nunca uma subjetividade é objetiva - por mais que objetivada" ao invés de "O real é racional e o racional é real".

15.4.06

Dom Quixote

Tomo I

Todo Dom Quixote necessita de uma dama a qual amar
A mim resta a amarga procura solitária
De uma companhia feminina
Ao cabo desta a solidão se esvai
E o Dom Quixote também


Tomo II

Todo Dom Quixote necessita de um Sancho Pança
Para com ele compartilhar os momentos de angústia
E também para se embriagar de vinho, quando feliz
Eu, no entanto, não tenho um Sancho Pança neste momento
Tampouco sou Dom Quixote

Garoto abordado por seguranças some de shopping


Shopping Iguatemi: meninos pedem dinheiro em frente à loja Americanas
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Kleyzer Seixas e Tássia Novaes, do A Tarde On Line
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Parecia ser mais uma sexta-feira de movimento comum no Shopping Iguatemi, o maior da cidade, quando lojistas e consumidores que estavam no piso térreo próximo à loja Americanas ouviram gritos. “Não fiz nada, me solte”. A voz era de um menino negro, franzino, que aparentava ter 13 anos. O garoto foi abordado por quatro seguranças, que o arrastaram pelo corredor em direção à sede do Juizado de Menores. Seguiu aos gritos como se estivesse se defendendo de uma acusação. A reação chamou atenção de quem estava no local. A cena retratada acima ocorreu por volta das 11h45, segundo relato de lojistas que falaram à reportagem do A Tarde On Line sob a condição de ficarem no anonimato. “Ele estava em frente às Americanas, vi quando os seguranças se aproximaram e o puxaram pelo braço”, disse uma vendedora.“Estava vestido com camiseta e bermuda, parecia ser um garoto pobre”, contou um consumidor que também presenciou a cena. “Não parou de berrar, era nítido que estava com medo”, acrescentou outra vendedora. Procurada, a Segurança do shopping encaminhou a reportagem ao Juizado de Menores do Iguatemi. Perguntado sobre o caso, um funcionário negou que os seguranças tivessem abordado o garoto. “Não houve nenhuma situação atípica, não pegamos nenhum menor. O dia está tranqüilo”, garantiu o funcionário que se identificou apenas como Carlos. No mesmo local onde o garoto teria sido retirado pelos seguranças, dois meninos e uma menina pediam dinheiro às pessoas que saiam da loja de departamento. Vestidos com roupas simples e com adereços da páscoa na cabeça, eles se esforçavam para driblar os seguranças do shopping, enquanto abordavam os consumidores. “Eles [os seguranças] não gostam que a gente fique aqui. Mas tenho que completar o gás da minha casa”, justificou uma menina de 11 anos. Os três moram no bairro de Fazenda Coutos e vão ao diariamente ao Iguatemi, onde fazem ponto para garantir um pouco do sustento. “A gente vem na ponga [carona] nos ônibus porque não temos como pagar a passagem”, disse o mais novo, de 10 anos. Questionados sobre a confusão, os três garotos contaram que costumam apanhar dos seguranças quando são levados ao Juizado do shopping. “Eles [os seguranças] batem de tubo, para não deixar marcas”, relatou uma garota que já foi levada mais de dez vezes ao órgão. “Perdi as contas de quantas vezes fui parar lá [no Juizado], sempre apanho”, contou um deles. A abordagem de garotos menores de idade que ficam perambulando no piso térreo do Iguatemi sem os pais é uma prática comum. "Pode prestar atenção, sempre tem uns meninos na porta das Americanas. Eles não sobem para os outros pisos", disse uma vendedora. Os garotos tornam-se um empecilho às pessoas que fazem compras. A “faxina” fica por conta dos homens que fazem a segurança do shopping, dizem os lojistas.
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Enfim uma notícia extemporânea no jornal...Por mais que esta não fosse a intenção...E por mais que não seja um fato a se comemorar...

9.4.06

Me desculpa, eu existo!

Estávamos eu e Pedro no bar, tomando cerveja sábado à noite e conversando sobre Guy Debord, Karl Marx, Nietzsche e Schopenhauer, enquanto a nossa volta, Freud explica, todos "enchiam a cara" como forma de facilitar possíveis aproximações de cunho sexual (afinal, é sábado à noite). Percebíamos, eu e Pedro, o quanto éramos dissonantes em relação ao resto das pessoas no bar. Mas esta fantasia de distanciamento social durou pouco. De repente o materialismo histórico venceu! Achávamos-nos dissonantes por mera divergência das outras pessoas no plano das idéias, mas a ilusão cessou quando a verdadeira dissonância apareceu na nossa frente...

Uma deficiente auditiva de baixa renda perturbou nossas divagações filosófico-políticas... Mas o mais assustador é que ela não disse uma única palavra (talvez porque fosse muda, mas acredito que mesmo podendo nada diria), deixou uma bugiganga sobre a mesa com o intuito de vendê-la e mais um desgastado cartão de apresentação. Nada demais, visto ser esta uma cena com a qual nossos sentidos já estão tão acostumados de perceber cotidianamente que nosso mais profundo consciente, sub-consciente e até inconsciente cauterizaram e não mais geram qualquer pensamento a respeito da situação. A questão, no entanto (olhem o cartão atenciosamente), é que a pessoa já pedia desculpas antes de qualquer coisa. Imaginem uma existência tão absolutamente miserável que um ser sinta-se impelido a pedir desculpas por estar vivo. Ela sabia que não nos atrapalhava em nada, mas seria melhor se não existisse. Sabia (e sabe) que é completamente dispensável no mundo e que morrendo, ninguém dará pela falta. Imaginem seu cotidiano: acorda e pensa "lá vou eu atrapalhar os outros de novo". A tristeza é a regra em sua vida e ainda pede desculpas por isso! "Me desculpa, eu sou surdo" "Me desculpa, eu nasci assim, destinado a sofrer todos os tipos de estigmas sociais" "Me desculpa, mas preciso comer" "Me desculpa, me desculpa, me desculpa"...
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Mas o pior de tudo é que não adianta implorar: a sociedade não desculpa!
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...E o pequeno Mickey alegre disfarça a exploração e o sofrimento...

7.4.06

A prioris




Duas características básicas têm o ser humano:
Uma, nos ensinou Hegel, é o medo da morte
A outra, nos ensina a História, é o medo da vida






1.4.06

Divagações Extemporâneas

O mundo não percebe minha existência limitada
No entanto, extrapolo os limites da consciência
E mergulho nas profundezas iluminadas da inconsciência vã

Frases vazias me ocorrem agora
Para me fazer lembrar
Do meu mais profundo sentimento de solidão

Forjo-me livre, pois estou só
E a liberdade não é nada mais que isso
E por não possuir semelhantes Deus é livre

A felicidade é o esconderijo da angústia
Onde todos os demônios se encontram
Pois apesar de decaídos podem alegrar-se em orgias

Na solidão de sua liberdade Deus tem sua angústia
Na felicidade pecaminosa os decaídos se vingam
E em meu cotidiano inexisto